Saiba o que o filme “NO” ensina sobre Comunicação Política

Um bom consultor político precisa ter acervo rico de conhecimentos sobre política, tecnologia e comunicação. O filme chileno “No”, do diretor Pablo Larraín, lançado em 2012, é um excelente instrumento para enriquecer esse acervo e aprender um pouco mais sobre comunicação política e marketing eleitoral.

O filme se passa no Chile, em 1988, após 15 anos de ditadura, quando o governo Pinochet – que deu um golpe de estado no presidente Salvador Allende em 1973 – se vê obrigado pelas pressões internacionais a legitimar seu governo. Para isso, convoca um plebiscito em que a população votaria “Sim” em apoio a manutenção dos militares no poder ou “Não” para a volta da democracia. Cada lado ideológico teve direito, ao longo de 27 dias de campanha eleitoral, a 15 minutos de programa na TV por dia. Coube ao publicitário René Saavedra comandar a comunicação da campanha do “No” na TV e convencer o povo a acabar com o regime militar ditatorial no país.

Assista ao trailer do filme

Ao analisar o filme é possível identificar os conceitos de arco narrativo; o uso da técnica de Storytelling, com a jornada do herói; a importância do reconhecimento dos arquétipos culturais e do protagonista para a construção da campanha; e os elementos da narrativa para a construção dos movimentos sociais. Além do aprendizado sobre como construir uma campanha, como montar a identidade visual,  a importância dos símbolos, os argumentos usados, as etapas da comunicação (sensibilização, motivação e mobilização) a construção da narrativa, o uso dos elementos para gerar identidade e empatia com a causa.

A obra, escrita por Pedro Peirano é baseada na peça teatral “El Plebiscito”, de Antônio Skármeta, e foi indicada ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 2013. No elenco destacam-se atores como Gael Garcia Bernal, Alfredo Castro e Antonia Zegers.

É possível fazer uma associação do filme com várias campanhas eleitoras no Brasil. Muitos candidatos e partidos optaram pela campanha do medo e perderam, assim como o exemplo do “Sim” no filme. Foi assim quando, em 2002, em vídeo gravado para o programa eleitoral do então candidato à Presidência, José Serra (PSDB-SP), a atriz Regina Duarte afirmou ter medo que o ex-presidente Lula vencesse a eleição naquele ano dando a entender que a economia brasileira iria sofrer caso Lula fosse eleito. A mesma estratégia do filme, com a campanha do rolo compressor, foi usada por Alckmin nas eleições de 2018 de forma similar, com o VT  que fazia o trajeto da bala que parava antes de atingir a cabeça de uma criança.

O filme está disponível no TeleCine, no Apple TV e no Youtube Filmes.

Se não quiser “spoiler” do filme, sugiro parar a leitura aqui! Mas, caso queira continuar, veja abaixo os conceitos identificados no filme.

Conceitos da comunicação política presentes no filme

Em relação ao arco narrativo é possível identificar as etapas no desenvolvimento do filme. A primeira etapa, a substância, consiste na existência do protagonista. No caso do filme, o publicitário que comandará a campanha do “NO”. Em seguida temos o incidente inicial, onde até então o protagonista levava uma vida normal, mas é chamado para a “aventura” de participar do processo decisório. Quando se dá a composição da narrativa, com os conflitos vividos pelo personagem, como a dúvida de aceitar ou não o trabalho, o medo da repressão da ditadura e o receio pela vida do filho.  Vem a etapa da crise, em que as dificuldades são postas a prova, o protagonista recebe várias ameaças, os colegas de trabalho passam a ser perseguido, a “namorada” é presa e agredida ele toma a decisão de seguir em frente. Em seguida vem o clímax, com a disputa dos dois lados se encaminhando para a última etapa, com a resolução da trama e a vitória do protagonista.

Alguns componentes da metodologia de construção de movimentos também são possíveis de serem identificados. No filme há uma causa, o fim da ditadura; a defesa da causa; o Pinochet como inimigo em comum; o futuro que se deseja; o futuro que não se quer; a união, os pilares e a história do movimento; e a definição das ações, como a escolha da linha de discurso da campanha (inspiracional com tom alegre), a implementação dos símbolos e cores (arco-íris, o gesto de negação com as mãos e pés)) e da música. Em relação aos arquétipos o nosso protagonista figura entre o sábio, o herói e o criador.

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© 2021 | Fabiana Sampaio

Consultoria e Gestão de Reputação para políticos e instituições de governo

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